Dodge Charger RT

O Esportivo da Chrysler Dodge Charger RT é uma boa lembrança da época em que a gasolina era azul e barata.

Em 1971, Emerson Fitipaldi, na época o primeiro pilota da Lotus, não foi econômico nos elogios ao Dodge Charger RT, quando comentou o esportivo durante um teste comparativo a convite de Quatro Rodas. “Ótima estabilidade, obediente, gostoso de dirigir e direção excelente”.

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Faróis atrás da grade e falsas entradas de ar ajudavam a reforçar a imagem agressiva do modelo. O motor de 215 cavalos precisava de gasolina especial.

O Charger RT era o puro-sangue da linha Dodge nacional, lançado em 1970 pela Chrysler, recém chegada ao Brasil. Derivado do Dodge Dart cupê, ele tinha cara e potência de carro americano. Mas custava caro: para tirar um modelo 1975 – igual ao da foto – da loja, era necessário fazer um cheque de 74 200 cruzeiros, aproximadamente 50 000 reais em valores atuais. Com 215 cavalos, ultrapassava facilmente os 180 km/h e acelerava de a 100 em 11 segundos.

 

Essa marca era obtida graças À elevada taxa de compressão do motor, que obrigava o Charger a consumir gasolina azul em altas doses – fazia 4 km/l na cidade e 6 km/l na estrada. Gasolina azul era a designação do combustível de maior octanagem, opção para gasolina comum “amarela” e, é claro, de preço bem mais alto.

 

Dirigir hoje um Charger RT requer adaptação. Se o som do motor convida a pisar mais fundo, os freios intimam: é preciso firmeza no pedal para imobilizá-lo. Está certo que o desempenho do motor já não impressiona tanto, mas ele mantém intacta sua alma de carrão esportivo. A suspensão é um pouco dura e a embreagem é pesada, mas o câmbio de quatro marchas, no console, tem engates precisos e a alavanca deslocada para a esquerda, é de fácil manejo. O interior é despojado, à exceção dos bancos individuais de couro, totalmente reclináveis, que faziam a alegria dos namorados. Isso sem falar do ar-condicionado (opcional) instalado sob o painel, um luxo para poucos na época. A direção hidráulica era equipamento de fábrica.

Bancos de couro e ar-condicionado era itens de conforto.

Bancos de couro e ar-condicionado era itens de conforto.

O RT sobreviveu por um bom tempo ao preço alto da gasolina – consequência da crise do petróleo que teve início com a guerra do Oriente Médio, em 1973. A linha Dodge foi fabricada até 1981, quando a Volkswagen, que havia assumido o controle da Chrysler brasileira, interrompeu a produção.

 

Perfeito ele não era. O tratamento da chapa era deficiente e facilitava na proliferação da ferrugem. E o carburador DFV estrangulava o vigoroso V8 e falhava na alimentação do motor em alta rotação. Mas nada disso impediu que fosse o mais desejado esportivo nacional. Emerson Fittipaldi, despois de testá-lo, disse que compraria um para seu uso caso morasse no Brasil.

 

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